quinta-feira, 17 de junho de 2010
Projetos da Vale têm potencial para dobrar exportações de aço.
Siderúrgicas produzirão 18,5 milhões de toneladas anuais de matéria-prima, antecipa diretor da mineradora.
Sabrina Lorenzi, iG Rio de Janeiro | 17/06/2010 13:14.
Os projetos siderúrgicos com participação da Vale têm potencial para dobrar a exportação de aço do Brasil nos próximos quatro anos. Quatro usinas planejadas para entrar em operação até 2014 nos estados do Rio, Pará, Espírito Santo e Ceará produzirão, juntas, pelo menos 15,5 milhões de toneladas anuais da matéria-prima. A expansão de um dos projetos aumentará esta soma para 18,5 milhões de toneladas, volume que será praticamente todo voltado para o mercado externo, na mesma estratégia de negócio traçada para a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), com inauguração marcada para amanhã, sexta-feira, na cidade de Santa Cruz, no Rio.
O Brasil exportou no ano passado 8,6 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos, num total de US$ 4,7 bilhões, de acordo com o Instituto Aço Brasil. Para este ano, a entidade que reúne as siderúrgicas projeta exportações de 11 milhões de toneladas, já considerando a produção inicial da CSA, parceria da Vale com a alemã ThyssenKrupp.
Com capacidade para produzir 5 milhões de toneladas de placas de aço por ano quando estiver em pleno funcionamento, a CSA destinará 60% deste total para os Estados Unidos e outros 40% para a Europa. A laminação do aço, transformando as placas em produtos mais elaborados, será realizada nas unidades da ThyssenKrupp no exterior. O modelo é o mesmo para as outras siderúrgicas com participação da Vale: as placas são produzidas no Brasil e laminadas pelos sócios estrangeiros da mineradora em seus destinos finais de consumo.
Com objetivo de agregar valor ao minério de ferro da mina da Carajás, a Vale planeja erguer a Aços Laminados do Pará (Alpa), pleito do presidente Lula
“Esta estratégica reduz riscos. Ao fazermos parte da cadeia integrada de produção, não ficamos expostos às flutuações do mercado de placas porque estamos envolvidos do início ao fim do processo industrial”, afirma o diretor de Siderurgia da Vale, Aristides Corbellini.
Um dos cenários esperados pelo executivo para os próximos cinco anos é a migração da capacidade produtiva de aço da Europa e dos Estados Unidos para a Rússia e Brasil. A siderurgia na China e na Índia também crescerá neste período. “A razão para este processo é a disponibilidade de matéria-prima e logística. A capacidade na Rússia vai substituir usinas na Europa Oriental por uma questão de logística. E o Brasil vai suprir a capacidade da América do Norte e da Europa Ocidental”, analisa Corbellini.
“Então, de acordo com esta nossa visão, nossos projetos são voltados para exportação”, conclui, antecipando que os projetos somarão 18,5 milhões de toneladas.
Marcelo Aguiar, analista do Goldman Sachs, avalia que o aumento da produção siderúrgica fará bem tanto para a Vale quanto para a balança comercial do País. “É um número enorme de produção. Se todos esses projetos saírem, as exportações vão mais que dobrar”.
Bom para todos
Com entrada em operação prevista para 2014, a Companhia Siderúrgica do Pecém (CPC) já nasce com perspectiva de expansão da capacidade produtiva. A usina vai produzir 3 milhões de toneladas anuais de placas de aço na primeira fase de operação, podendo chegar a 6 milhões de toneladas nos anos seguintes, segundo a Vale. A terraplanagem do terreno foi iniciada em dezembro do ano passado. Parceria da Vale (41%) com a coreana Dongkuk (59%), a usina foi projetada para exportar toda a produção e vai requerer investimentos da ordem de US$ 4 bilhões.
Para iniciar o projeto da Companhia Siderúrgica Ubu (CSU), na cidade de Anchieta, no Espírito Santo, a Vale entregou o Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impactos ao Meio Ambiente (EIA-RIMA) em dezembro do ano passado ao governo estadual. Com capacidade anual de 5 milhões de toneladas de placas de aço, o início das operações está previsto para 2014, embora a mineradora ainda não tenha encontrado um sócio para o empreendimento. A CSU tem investimento previsto de US$ 6,2 bilhões, com geração de 20 mil empregos durante a implantação.
Ao contrário dos demais, o projeto Aços Laminados do Pará (Alpa) não precisará de sócio para sair do papel, segundo Corbelini. Com capacidade de produção de 2,5 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos, a usina recebeu licença prévia para obras em março. Com inauguração prevista para 2013, a usina destinará pequena parte da sua produção para o mercado interno, segundo o executivo. Cerca de 700 mil toneladas de aço serão laminadas no Pará para consumo doméstico, suprindo as necessidades da região. O investimento previsto é de US$ 3,2 bilhões.
O objetivo da siderúrgica do Pará, além de exportar a produção, é agregar valor ao minério de ferro de Carajás, um pleito antigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva junto à direção da mineradora. Segundo Corbellini, contudo, a estratégia de fortalecer a siderurgia do País não tem motivação política, mas sim empresarial - pois, ao fomentar a cadeia do aço, a mineradora garante mercado.
Seja qual for a motivação, o apoio da maior produtora de minério de ferro do mundo ao setor siderúrgico é bem visto no mercado. “É um jogo de ganha-ganha para todos: bom para a Vale porque vai fornecer mais minério sem custo de frete e bom para o País porque vai ter mais emprego e renda e melhora na balança comercial”, avalia Aguiar.
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