sexta-feira, 28 de maio de 2010

Brasil será ponte para expansão da Barry Callebaut na AL.


Maior fabricante de chocolate do mundo inaugura sua primeira fábrica no País e já tem planos para segunda unidade.

Daniela Barbosa, iG São Paulo | 28/05/2010 05:50.

A suíça Barry Callebaut, maior fabricante de chocolates do mundo, há 14 meses tomou a decisão de inaugurar sua primeira fábrica na América Latina, o Brasil foi o local escolhido e servirá de plataforma para os planos de crescimento da companhia na América Latina. Até 2020, a empresa planeja inaugurar uma segunda unidade no País.

Extrema já é a 2ª maior cidade industrial de MG
Juergen Steinemann, diretor-geral da companhia, afirma que o crescimento da Barry nos próximos anos será impulsionado principalmente pelos países em desenvolvimento. “A ideia é começar a investir nesses países para otimizarmos nossas operações globais”

Recentemente, o instituto Euromonitor International apresentou uma pesquisa afirmando que o consumo do chocolate nos países em desenvolvimento vai crescer 3% nos próximos três anos e apenas 0,5% nos já desenvolvidos. “Esses países já possuem um mercado de chocolate maduro que não tem mais para onde expandir”, disse Steinemann.

A 41ª fábrica da companhia foi inaugurada na última quinta-feira, dia 27, na cidade de Extrema, sul de Minas Gerais. Foram investidos R$ 28 milhões para a instalação e não houve subsídios do governo. A escolha da região, no entanto, foi motivada pela localização estratégica da cidade, que fica a 120 quilômetros de São Paulo e perto também de outros importantes centros, como Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

Situada em um terreno de 34 mil metros quadrados, a princípio somente 10 mil serão utilizados, as instalações têm capacidade de produzir 20 mil toneladas de chocolate este ano, em barra ou líquido. “Vamos atender somente clientes industriais e de serviços de alimentícios, como hotéis e confeitarias. Não está nos nossos planos fabricar produtos para o consumidor final”, afirmou Andreas Jacobs, presidente global da Barry.

Neste primeiro momento, a companhia vai contar com a colaboração de 70 funcionários, mas espera triplicar esse número em pouco tempo. Segundo André Vieira, gerente de produção da Barry no Brasil, a data ainda não é certa, mas a empresa estima dobrar a produção em breve.

Sobra emprego no sul mineiro

Extrema tem pouco mais de 27 mil habitantes e segundo Pericle Mazzi, secretário de indústria e comércio, a região sofre com a falta mão-de-obra qualificada, por isso acaba atraindo pessoas de cidades vizinhas para trabalhar na cidade. “Temos muitos trabalhadores que não moram aqui, mas vem para Extrema à procura de oportunidades e acaba encontrando”.

70 funcionários foram contratados para trabalhar unidade Extrema. O número deve ser triplicado em breve
O engenheiro Vinícius Jesuatto de 23 anos é exemplo disso, contratado pela Barry, o jovem conseguiu seu primeiro emprego eé morador de Bragança Paulista, cidade paulista que faz divisa com o Estado de Minas Gerais.

Jesuatto foi contratado para ser supervisor de produção e ficou 15 dias na Bélgica fazendo treinamento. Feliz com a oportunidade, mesmo morando em outra cidade, o jovem afirma que deseja se aposentar na companhia. “Demoro cerca de 30 minutos para chegar aqui e a distância não é problema, pois a fábrica disponibiliza transporte para os funcionários de outras cidades”.

Luiz Felipe Pedroso, também recém contratado pela chocolataria suíça, é morador de Extrema, mas foi fisgado pela companhia. O jovem tem apenas 23 anos e possuía um bom emprego no setor de logística, mas a proposta da Barry foi muito mais atraente. “Aqui tem emprego e para aqueles quem tem qualificação fica mais fácil”. Pedroso é formado em Administração de Empresa e está concluindo sua pós-graduação.

A companhia, no entanto, não teme a escassez de mão-de-obra e está disposta a investir e qualificar seus funcionários. Possíveis parcerias serão firmadas com entidades de ensino para que os funcionários sejam da região.

Parcerias futuras

A Barry Callebaut será a terceira fábrica do setor alimentício na pacata cidade mineira. A Bauducco já está na região há dez anos e em 2008 dobrou a capacidade produtiva da unidade. A companhia emprega atualmente mais de mil funcionários.

O grupo CRM, dono das marcas Kopenhagen, Brasil Cacau e Dan Top, migrou para a região no fim de 2009, depois de mais de dois anos buscando uma cidade para a instalação da sua fábrica. “Procuramos no interior de São Paulo e visitamos sete cidades mineiras, antes de optarmos por Extrema”, afirmou Fernando Vichi, vice-presidente do grupo.

Segundo ele, a companhia também recebeu incentivos da prefeitura de Extrema, do Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (INDI) e do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais. (BDMG). “A prefeitura nos doou o terreno, o INDI ajudou com a escolha da cidade e toda parte de infraestrutura e o BDMG financiou 45% dos nossos gastos”, disse.

O grupo investiu R$ 80 milhões para levantar a fábrica que está instalada em um terreno de 217 mil metros quadrados mas, por enquanto, só utiliza 30 mil. A produção das três marcas está concentrada em Extrema e a ideia é aumentar a capacidade das linhas até o fim do ano. A companhia emprega, atualmente, cerca de 700 pessoas e esse número deverá chegar a mil, em dezembro.

Vichi afirma que o grupo CRM foi procurado pela Barry Callebaut a fim de obter informações sobre a cidade. As duas companhias ainda não possuem nenhuma parceria, mas o executivo não descarta a possibilidade de, em breve, a fabricante suíça ser mais um de seus fornecedores. Além da Kopenhagen, outras empresas já procuraram a Barry, que neste primeiro ano atenderá somente o mercado interno.

Em 2009, a Barry assinou um acordo com a Bunge, empresa líder em agronegócios, que atende mais de 25 mil pontos de vendas no Brasil, para distribuir seus produtos fabricados em Extrema para todas as regiões do Brasil.

No Brasil, a chocolataria suíça já atuava desde 1999 por meio de uma fábrica de cacau em Ilhéus (BA). Com a unidade de Extrema, serão nove fábricas nas Américas. No ano passado, a companhia faturou R$ 7,9 bilhões e produziu mais de 1 milhão de toneladas de cacau e chocolate

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